TI verde, gestão ambiental pública e lixo eletrônico

 

É chegado o momento da construção de uma percepção crítica, por parte de todos os profissionais de TI, sobre as questões e ações socioambientais, vislumbrando as diversas possibilidades de interferir, física e materialmente, na realidade onde vivemos, isto é, o ambiente de trabalho, de maneira a potencializar os cuidados com o meio ambiente ao utilizar a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).

A chamada TI Verde – um conceito que as empresas de tecnologia criaram para pregar o uso de recursos tecnológicos e políticas que minimizem, cada vez mais, as agressões ao meio ambiente – tornou-se estratégica e imperiosa não somente pela economia de custos que proporciona, mas, também, pelos benefícios que traz à imagem da empresa.

Estudo realizado em 2010 pela consultoria IDC destaca que as iniciativas de TI Verde estão crescendo em importância nas empresas, de acordo com a avaliação de 80% dos executivos brasileiros que participaram da pesquisa. Outro dado especialmente importante é que 43% revelaram que no momento de escolher um fornecedor, levam em conta suas ações de preservação ambiental, o que demonstra que garantir a existência das futuras gerações pode ser providencial.

De acordo com o instituto de pesquisas Gartner, TI Verde está fortemente posicionada entre as tendências para este e o próximo ano. Ao longo deste ano, diz o Gartner, dois dos seis pré-requisitos de compras em TI serão referentes a produtos e serviços que respeitem o meio ambiente, com menor consumo de energia. Isso será a realidade para um terço das empresas de TI. A prioridade será a economia de energia, pois, inicialmente, a motivação será de conter gastos.

Considerando essas tendências, o maior desafio para os trabalhadores será o da viabilização de canais conjuntos de articulação, de mudanças comportamentais e da colaboração para a construção de ações propositivas com a construção de políticas públicas para este fim. Uma nova cultura no ambiente das empresas será estabelecida, onde cada uma de suas partes (indivíduos) influencia o todo (empresa), mas, ao mesmo tempo, a sociedade influencia os indivíduos. Portanto, para haver transformações significativas não bastam apenas mudanças individuais (partes), mas também mudanças recíprocas nas empresas (como um todo).

Neste contexto, a gestão ambiental nas empresas visa adequar o seu processo produtivo e a transversalidade com todos os órgãos de governo, para que minimize o seu impacto ambiental, tendo como premissa compras/ações verdes e a sua preservação/conservação sejam nela ou quem está diretamente ligado a ela. Irá requerer um trabalho educativo que vá além da transmissão de novos conhecimentos, mas que passa também por uma mudança de cultura, de valores, hábitos e atitudes individuais e coletivas.

A ecoeficiência é uma filosofia de gestão que visa a otimização de todos os processos envolvidos na criação de um produto ou serviço, de forma a possibilitar o mesmo nível de produção com menor utilização de recursos. Sob o ponto de vista econômico, o incentivo reside na minimização das perdas de materiais, água e energia não utilizada eficazmente no processo produtivo, mas, também, na minimização dos custos associados aos tratamentos de fim de linha. Em termos ecológicos, reside na utilização eficiente dos recursos, diminuindo os impactos ambientais negativos associados.

A TI Verde, a Gestão Ambiental Pública, as Políticas e Compras Públicas Sustentáveis, além do descarte do Lixo Eletrônico, podem impulsionar nossa sociedade para mudanças comportamentais e de paradigma, visando um consumo responsável, através do uso do poder de compra do Governo para a promoção do Desenvolvimento Sustentável.

Outro assunto de altíssima relevância que deve ser urgentemente debatido com a sociedade brasileira é a questão do lixo eletrônico, ou tecnológico. Tais resíduos, descartados em lixões, se constituem num sério risco para o meio ambiente, pois possuem em sua composição metais pesados altamente tóxicos tais como mercúrio, cádmio, berílio e chumbo. Em contato com o solo, estes produtos contaminam o lençol freático; se queimados, poluem o ar. Além disso, causam doenças graves em catadores que sobrevivem da venda de materiais coletados nos lixões.

Por fim, em nossa área de atuação, temos que começar imediatamente a nos preocupar com o lixo eletrônico que produzimos. O que devemos fazer com ele? Perguntas como esta, cabem reflexões onde as empresas de TI devam estar “ligadas” com as políticas (públicas ou privadas) de descarte do lixo eletrônico, implementando ações de gerenciamento do descarte (de real alcance ambiental), através de parcerias com empresas socioambientalmente responsáveis.

Este artigo ”TI Verde, Gestão Ambiental Pública e Lixo Eletrônico", de autoria de Paulo Renato de Carvalho Dias, trabalhador da IplanRio, gestor e educador ambiental e ex-diretor do Sindpd-RJ. O artigo foi apresentado e aprovado no 17º CNPPD em João Pessoa-PB, sendo anexado aos anais do congresso.

 

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