Rodrigo Assumpção e seu ego

 

A Campanha Salarial dos trabalhadores e trabalhadoras da Dataprev se arrastou desde maio, sem que a empresa cedesse um milímetro nas negativas às reivindicações dos trabalhadores. Por trás dessa postura irredutível podemos vislumbrar o enorme ego do presidente da estatal, Rodrigo Assumpção.

Assumpção não é funcionário de carreira da Dataprev. Colocado na presidência da empresa por padrinhos políticos, Rodrigo Assumpção em nenhum momento tentou esconder dos trabalhadores que seu interesse ao emparedar toda e qualquer tentativa de negociação nada tinha a ver com a empresa que dirige. Ele quis, desde o início, travar uma queda de braço com o corpo funcional e seus representantes sindicais, e provar que tem poder.

Esse amor pelo poder do senhor Rodrigo Assumpção o torna inapto para exercer o papel de presidente de uma empresa pública no governo do Partido dos Trabalhadores. Suas táticas de pressão sobre os trabalhadores, inclusive sobre o corpo de gerentes, só encontra paralelo nos governos da ditadura militar. Nem mesmo os neoliberais conseguiram caprichar tanto nas práticas de desqualificação da classe trabalhadora.

O resultado dessa gestão voltada para o próprio ego do presidente é lamentável, pois em nada fortalece a Dataprev, muito pelo contrário. Com o canal negocial fechado pela arrogância do presidente Rodrigo Assumpção, que negou todas as tentativas de diálogo razoável feitas pelos trabalhadores, a Campanha Salarial 2011/2012 segue para o julgamento do Dissídio Coletivo pelo Tribunal Superior do Trabalho, no próximo dia 12 de dezembro.

Esse desfecho é ruim para os trabalhadores, mas não chega a surpreender. Embora a comissão negocial da Dataprev tenha assinalado, em vários momentos, a possibilidade de avanços nas negociações, o que levou a categoria a apostar na negociação para alcançar seus anseios, Rodrigo Assumpção deu sinais claros de que queria mesmo é “ir pro pau” quando, em encontro casual com a representação dos trabalhadores num corredor, em dia de negociação, meses após o início da campanha, afirmou com todas as letras que já havia determinado que a reposição salarial seria “a inflação e mais nada”. Os negociadores da Dataprev, no entanto, mantiveram o discurso de que havia o que negociar, dando a entender que a empresa não tinha qualquer problema de caixa para atender às reivindicações. Exemplo disso são as Cláusulas 27/28, que a empresa quer desindexar, mas jamais alegou falta de recursos financeiros.

Qualquer bom administrador sabe que a principal arma de uma empresa para produzir e crescer é um corpo funcional valorizado e, consequentemente, motivado. Mas para Assumpção isso é meramente um detalhe, pois o que lhe interessa realmente é seu “orgulho de ferrar com os subordinados”.

O desgaste que essa postura já causou e os problemas que ainda vai causar ficam na conta e na história de Rodrigo Assumpção, não na nossa. Ele não é funcionário da Dataprev e todos sabem que ele vai passar, enquanto que nós, trabalhadores de carreira, ficaremos. 

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