A nota divulgada pela Aned sob o título “Campanha Salarial revela velhos problemas e demonstra urgência por mudanças” revela que a oposição já começa a campanha pela direção do Sindicato em 2016, mal terminada a desgastante campanha salarial que poderia ter tomado outro rumo, não fosse a insistência desta mesma oposição em vender areia no deserto…
A verdade é que chegamos em 2015, num cenário econômico e político TOTALMENTE desfavorável aos trabalhadores, com um Congresso Nacional ultra conservador, a mídia e a população exigindo que o Governo diminuísse gastos com os funcionários públicos, fizesse reformas etc.
Mesmo com este cenário conseguimos, em mesa de negociação, a reposição do IPCA (8,17%) sem a retroatividade a partir de outubro de 2015. A proposta do Sindpd-RJ apresentada com transparência nas assembleias era de negar a proposta em parte, ou seja, acatar o IPCA e negociar o retroativo. O motivo dessa indicação das representações sindicais era garantir a reposição da inflação rapidamente, antes que a empresa, forçada pela política econômica atual, retirasse a proposta e nos levasse a um cenário pior, como aconteceu com o Serpro, cujos trabalhadores e trabalhadoras precisaram – corajosamente – paralisar suas atividades por quase um mês, para conquistar mais que os 5,5% oferecidos pelo governo. Lembrando que nem sequer para a conciliação no TST a oposição apoiou a proposta da representação dos trabalhadores, de greve para fazer pressão.
Mas a Aned e a oposição não quiseram nos ouvir: mais uma vez foram contra, e, usando um discurso de fácil aceitação, encaminharam propostas absurdas, como a exigência de ganho real de 3%, nível, retroativo com correção pela taxa SELIC, redução da jornada de trabalho sem redução de salários (mesmo sabendo que o governo emitiu um MP concedendo negociação para alguns setores reduzirem a jornada e os salários, etc.
Esta proposta, atraente mas totalmente irreal, foi aceita pelos trabalhadores e trabalhadoras, e, mais uma vez, as representações voltaram às mesas de negociação, onde todas as contraproposta foram negadas pela empresa, como já era de se esperar.
Depois de perdemos tempo (representações sindicais e trabalhadores) com as propostas da oposição, acabamos aceitando o IPCA, manutenção com alterações de redação de algumas cláusulas do nosso ACT, e, mais uma vez, fomos parar no Tribunal Superior do Trabalho (TST) para negociar o retroativo, que acabou sendo parcelado. Ou seja, muito desgaste, e nenhum resultado diferente daquele que a representação sindical havia proposto logo no início, POR SABER QUE NÃO HAVIA OUTRA SAÍDA DIANTE DO MOMENTO ECONÔMICO, até porque a empresa já havia proposto parcelar o retroativo, com pagamento de acordo com o recebimento de faturas.
Na verdade nesta, como nas campanhas anteriores, não quisemos vender sonhos, e a oposição deitou e rolou com suas propostas irreais, mas de fácil aceitação. Afinal, quem não queria tudo aquilo que eles propunham???
Retrospectiva de trapalhadas da oposição
O que aconteceu na campanha de 2015 foi, na realidade, uma repetição do que já tínhamos vivido anteriormente. Desde 2011, quando fomos para dissídio por causa de uma greve indicada pela oposição e a Aned, que convenceram os trabalhadores e trabalhadoras, sonhando com a queda da desindexação das cláusulas 27 e 28, APESAR DOS ALERTAS da Fenadados e sindicatos filiados que avisavam que perderíamos a indexação e teríamos um julgamento que até garantiria as cláusulas sociais até por quatro anos, mas não teríamos mais um acordo coletivo e sim uma sentença normativa por quatro anos, e que dentro desse período, se NÃO voltássemos a ter um novo ACT assinado e tivéssemos que ir novamente a julgamento no TST, poderíamos perder cláusulas existentes há mais de 20 anos.
Em 2012 mais uma vez as trapalhadas da oposição e da Aned entraram em campo. Durante uma mesa de negociação em Fortaleza, a DATAPREV somente ofereceu o IPCA e, após 40 minutos encerrada a negociação, a empresa soltou uma nota dizendo que estava concedendo 2% de reajuste na tabela salarial a partir de agosto. Naquele momento nós, Fenadados e sindicatos filiados, fomos para as assembleias defender que isso representava aumento real, e que devíamos buscar no TST a retroatividade a maio.
Mais uma vez a Aned e a oposição defenderam o contrário ao nosso encaminhamento, ou seja, aceitar a proposta da DATAPREV. A sorte dos trabalhadoras e trabalhadoras é que aqui, no Rio de Janeiro, perdemos a votação, ANED E OPOSIÇÃO ganharam a votação, mas felizmente a maioria dos Estados acataram a proposta da Fenadados e dos sindicatos filiados, e, CONFORME PREGÁVAMOS DESDE O INÍCIO, fomos buscar no TST nossos direitos. O resultado é que ganhamos outra vez, apesar da oposição e da Aned.
Em 2013 e 2014 foram anos em que a DATAPREV quis retirar ou modificar várias cláusulas históricas de nosso ACT. Em 2013, novamente no TST, conseguimos assegurar TODAS as cláusulas do nosso ACT. Em 2014 tivemos que fazer várias interlocuções com parlamentares e políticos para manter nosso ACT inviolável, e tivemos êxito junto ao Ministro da Previdência, que nos concedeu uma audiência, na qual fomos ouvidos e garantimos, mais uma vez, todas nossas cláusulas do ACT.
Diante desta retrospectiva, não temos mais nada a dizer a essa oposição, da qual a Aned faz parte. O discurso fácil não resiste aos fatos! Precisamos de mudança sim, mas de mudança nessa oposição sem responsabilidade, que não analisa a conjuntura e ilude os trabalhadores e trabalhadoras.