Unisys mostra sua cara, ataca direitos dos trabalhadores e apresenta proposta de reajuste rebaixada

Foi realizada no dia 9/08, na sede do Sindpd-RJ, a segunda mesa de negociação da Campanha Salarial 2018/2019 dos trabalhadores e trabalhadoras da Unisys Brasil.

Na reunião a empresa seguiu a cartilha que a maioria dos patrões vem tentando implementar nas últimas campanhas salariais, apoiados na política neoliberal do governo federal. A empresa apresentou uma contraproposta onde retira direitos, visando aumentar sua lucratividade,  e  apresentou uma proposta econômica abaixo da inflação do período, usando como argumento a crise no setor.

Ano após ano, na negociação da renovação do Acordo Coletivo de Trabalho, a Unisys apresenta os mesmos argumentos: crise econômica – quando sabemos que o setor de TI foi uns dos menos atingidos pela crise. Para comprovar nossa afirmação, vejamos a tendência para 2018 e o mercado nas projeções: “O mercado de TI no Brasil terá uma retomada já no primeiro semestre e avançará 5,8% em 2018, segundo o estudo anual IDC Predictions” e quando verificamos os balanços sempre nos deparamos com lucros significativos que vêm enchendo os bolsos dos acionistas. Por isso entendemos que devemos seguir o caminho de várias categorias e construir nossa mobilização para enfrentar a intransigência patronal e conquistar nossas reivindicações.

A empresa apresentou nessa segunda mesa as seguintes propostas:

  1. Reajuste: Proposta de 1,20% nos salários e pisos limitado a quem recebe salários até R$ 11.291,60 (onze mil duzentos e noventa e um reais e sessenta centavos). Acima desse valor quer que seja aplicada parcela fixa de R$ 135,50 (cento e trinta e cinco reais e cinquenta centavos);
  2. Auxílio Refeição: a empresa quer excluir do Acordo Coletivo de Trabalho os trabalhadores afastados ou de férias, e congelar o valor facial;
  3. Auxílio Alimentação: quer retirar do Acordo Coletivo de Trabalho;
  4. Auxílio Creche: quer congelar o valor do reembolso;
  5. Adicional Noturno: quer diminuir para 20%, de acordo com a CLT (atualmente é de 25%);
  6. Reajuste do Quilômetro rodado: quer congelar o valor;
  7. Dia nacional dos empregados em informática: quer acabar; e
  8. Ressaltamos também que a empresa traz um profundo ataque à organização dos trabalhadores, querendo impedir a atuação dos dirigentes sindicais junto à categoria.

Essa postura não pode ficar sem resposta. Nossa unidade é fundamental para construir a resistência e mostrar que não vamos aceitar passivos esses ataques!!!!

Reforma Trabalhista, uma vitória dos patrões

É importante nesse momento difícil que passamos entender um pouco da politica majoritária que vem sendo aplicada no Brasil. Ressuscitando a política Neoliberal derrotada na época do governo Collor, disfarçada com um discurso de estado mínimo e de liberdade da economia, na verdade, o objetivo é aumentar a lucratividade dos patrões, piorando as condições de trabalho e salariais, como já é feito em vários países do mundo. Essa política parte dos seguintes pressupostos: domínio do poder Governamental, destruição dos sindicatos e aumento da mais valia (o valor do trabalho e o salário pago ao trabalhador), para aumentar a taxa de lucro. Aqui no Brasil, a Reforma Trabalhista veio pra facilitar a aplicação desse projeto, flexibilizando a CLT e permitindo aos patrões a fazerem o que quiserem, diminuindo o poder da Justiça do Trabalho, restringindo ao máximo o acesso ao lado mais fraco, o dos trabalhadores, e, por fim, tentando destruir os sindicatos para facilitar a aplicação desse projeto. O debate que se coloca sobre o fim do imposto sindical é pura falácia, com um discurso demagogo de fim dos privilégios, que na verdade, só tem o objetivo de enfraquecer a luta dos trabalhadores. Muitas falácias são levantadas no debate do fim da obrigatoriedade da contribuição sindical. Vamos pegar apenas dois exemplos para nortear nosso debate, como o fim dos sindicatos fantasmas e que no Brasil existem muitos sindicatos.

  1. Sindicatos Fantasmas: Esse era um dos mais fáceis de resolver, era só retirar o direito ao imposto daqueles sindicatos que não assinam acordo ou convenção coletiva. Só por essa medida, já estaríamos diminuindo muito a quantidade de “sindicatos fantasmas”. O combate verdadeiro tem que ser contra a fábrica de criação de sindicatos fantasmas, através de corrupção estabelecida no Ministério do Trabalho e Emprego.
  2. No Brasil existem muitos sindicatos: Em primeiro lugar, vivemos num país de dimensões continentais e querer nos comparar com países europeus é desproporcional. Em segundo lugar, até países que têm poucos sindicatos e têm as nossas dimensões, têm formato parecido com o nosso. Lá,os sindicatos são nacionais, mas com estruturas regionais mantendo as decisões centralizadas, o que do nosso ponto de vista é muito mais anti democrático, pois afasta as bases das decisões . A forma de organização do movimento sindical no Brasil permite maior democracia e aumenta o poder de fogo dos trabalhadores, visando organizar-se por local de trabalho, mas sempre mantendo o livre poder de decisão.

Pelo exposto acima, já entendemos que a proposta de fim do imposto sindical na verdade não tem a ver com ataque a privilégios, mas sim atender à necessidade dos patrões de enfraquecimento das entidades sindicais, para diminuir a resistência aos profundos ataques aos nossos direitos. O fim do imposto sindical obrigatório foi o pilar de toda a reforma trabalhista e um dos maiores ataques à organização dos trabalhadores, feito de forma abrupta e sem permitir que os sindicatos pudessem se organizar. Isso tudo sem debater com a sociedade de uma forma transparente.

O financiamento das estruturas sindicais é fundamental para manter as negociações coletivas em condições iguais entre patrões e trabalhadores. Se não vejamos: em todas as nossas campanhas salariais de 2013 a 2017, arrancamos aumento real e garantimos também durante esse período o pagamento de uma PLR, sempre entre os maiores índices da categoria. Isso só foi possível, pois mantemos uma comissão de negociação representativa, com um assessor de negociação e uma consultora jurídica, além de contar com a participação efetiva dos sindicatos estaduais nas mesas de negociação. Tudo isso tem um custo: viagens, alimentação e honorários, sem contar as despesas com materiais de campanha, panfletos nacionais, adesivos, faixas etc…

A diminuição do poder de fogo dos sindicatos é que permite que a Unisys tente, nesse momento, desferir um grande ataque aos nossos direitos conquistados, na tentativa de nos transformar em escravos do trabalho.

Mobilização e fortalecimento dos sindicatos é a única forma de combater esses ataques

Em primeiro lugar devemos, desde já, entender que construir a defesa dos nossos sindicatos, significa viabilizar a sustentação financeira de nosso principal instrumento de luta. Para tanto é fundamental:

  • sindicalizar, pois isso significa mostrar aos patrões que estamos unidos e fortes,
  • debater já uma contribuição assistencial, que venha garantir nossa campanha salarial para darmos continuidade ao nosso trabalho, que permitiu nossas conquistas nesses últimos anos.

Não podemos deixar essa provocação da empresa sem resposta. Por isso estamos propondo, já na nossa próxima mesa, construirmos uma mobilização. Estaremos fazendo uma atividade nacional: O dia do Vermelho de Raiva e responder à altura a empresa.

DIA 21 DE AGOSTO, DIA DO VERMELHO DE RAIVA

A participação de todos é fundamental. A próxima rodada de negociações está agendada para o dia 21/08/2018 às 10 horas, em São Paulo, e nossa proposta é que todos os trabalhadores e trabalhadoras usem, nesse dia, alguma vestimenta na cor vermelha, para demonstrar nossa indignação com a postura da empresa. Vamos garantir nossa reposição salarial, manutenção e ampliação dos nossos direitos.

  • PELA MANUTENÇÃO DAS NOSSAS CONQUISTAS E AMPLIAÇÃO DAS CLÁUSULAS SOCIAIS;
  • PELA REPOSIÇÃO DOS SALÁRIOS E DOS PISOS;
  • PELO REAJUSTE DOS BENEFÍCIOS;
  • PELO REAJUSTE DO KM RODADO;
  • EM DEFESA DA LIBERDADE SINDICAL;
  • SE MEXEREM NO ACORDO VAI TER BRIGA.

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