Que venha 2020

O número de pessoas em situação de extrema pobreza no Brasil só vem crescendo. Por todo o país são 13,5 milhões de pessoas sobrevivendo com até R$ 145 por mês, e o número de desempregados continua muito alto: 12,6 milhões de pessoas que não conseguem empregos.

Com o desemprego crescendo e a economia patinando, o número de pessoas trabalhando em situação de informalidade para sobreviver bateu recorde. Isso pode ser constatado sem pesquisas avançadas: basta olhar ao redor e ver a quantidade de pessoas com caixas de entrega de comida, usando como transporte motos ou bicicletas. Isso sem contar com os que buscaram no Uber uma forma de ganhar algum. Tudo por “conta própria”, sem qualquer direito ou garantia.

Sem condições de trabalho adequadas, sem remuneração digna e sem direitos trabalhistas, como o 13º salário, fica difícil para quem foi empurrado para a informalidade ter uma ceia de Natal adequada em família.

A conjuntura aponta que teremos um 2020 ainda difícil para a classe trabalhadora, e esse cenário exige unidade entre a categoria e aqueles que a representam: sindicatos e associações de classe.

Se buscarmos no passado as experiências que podem nos ajudar a vencer esse período difícil, veremos que as condições de vida de um operário no século XIX, seja na Inglaterra, berço da revolução industrial, ou em outros países europeus que seguiram o caminho da industrialização, eram degradantes. Mulheres e crianças trabalhavam em regimes parecidos e ganhavam menos, o que deixava a produção mais barata e aumentava os lucros. Em contrapartida, isso gerava desemprego entre homens adultos. Essa situação contrastava com a gigantesca riqueza gerada na época.

A classe operária e os menos favorecidos em geral não gozavam de nenhum amparo jurídico. Visando equilibrar essa relação os sindicatos foram fundamentais para organizar a classe trabalhadora e sua luta. Isso resultou na conquistas de direitos que foram, pouco a pouco, se tornando leis.

Hoje a situação é extremamente difícil, tendo em vista que os governantes e muitos legisladores (e até juristas) defendem que os direitos conquistados pelos trabalhadores e trabalhadoras sejam retirados, em nome da “empregabilidade”. O problema é que essa geração de empregos que se promete não garante qualidade de vida.

Que venha 2020 e seus desafios. E que ressurja a consciência da classe trabalhadora, para que seja possível uma luta justa por empregos decentes, com direitos garantidos, sem submissão aos interesses do capital e das grandes corporações.

Feliz Natal!

Feliz Ano Novo!

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