Quanto mais alta a inflação, mais altos os impostos embutidos que a população para o governo. Por outro lado, quanto mais alta a inflação, menor o poder aquisitivo dos trabalhadores e trabalhadoras, uma vez que os salários não acompanham a escalada de preços. ou seja, inflação alta é bom negócio para o governo, à custa do sacrifício dos trabalhadores.
Segundo informa a grande mídia, no dia 3 de maio o impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) detectou a impressionante marca de R$ 1 trilhão em impostos pagos pela população desde o início deste ano.
Ainda segundo a ACSP a explicação para a maior arrecadação, considerando o mesmo período do ano passado, de acordo com a análise do economista Marcel Solimeo, se dá, principalmente, pelo aumento da inflação. Solimeo lembra que parte dos impostos incidem sobre os preços dos produtos, o chamado imposto embutido. “Quanto maior o preço, maior o imposto embutido. Alguns itens estão extremamente tributados, como o caso dos combustíveis e da energia elétrica”, disse.
Tabela do Imposto de Renda sem correção desde 2015
Os impostos detectados pelo impostômetro não incluem o Imposto de Renda a ser pago por pessoas físicas e jurídicas com a entrega das declarações anuais ao Leão.
De acordo com a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco), atualmente, somente 8 milhões de brasileiros estão isentos do pagamento do Imposto de Renda. A faixa salarial para isenção vai até R$ 1.903,98 (pouco acima do valor do salário mínimo, em R$ 1.212,00). Se a correção da tabela pela inflação fosse aplicada, a faixa de isenção atingiria todos os que ganhassem até R$ R$ 4.465,35 por mês. 15 milhões de pessoas que deveriam estar isentas do Imposto de Renda são tributadas devido à não correção da tabela, que chega a 134,53% de defasagem.
Para onde vai o dinheiro dos impostos?
O dinheiro arrecadado através de impostos vai para a União, Estados e Municípios, e deveria garantir serviços fundamentais de qualidade para a população, tais como Saúde, Educação, Moradia, Segurança, Transporte Público etc. Infelizmente, no entanto, a “qualidade” fica a desejar, a partir do momento em que as verbas liberadas pelo atual governo federal estão longe de focar em bons serviços à população, mas sim em benesses para seus aliados políticos.
Só para lembrar: a Secretaria da Receita Federal em janeiro passado que a arrecadação federal de impostos, contribuições e demais receitas atingiu R$ 1,878 trilhão em 2021. Em valores corrigidos pela inflação, a arrecadação teve alta real de 17,36% na comparação com o mesmo período do ano passado (R$ 1,679 trilhão). Apesar dessa arrecadação recorde, o presidente Jair Bolsonaro resolveu cortar recursos e investimentos de setores fundamentais para a sociedade, tais como Saúde, Educação, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia e Infraestrutura.
Ao que tudo indica, Bolsonaro abandonou de vez o discurso da “nova política”. O congelamento da tabela do Imposto de Renda, a inflação cada dia mais alta, assim como o corte nos recursos destinados a políticas públicas, demonstram seu pouco caso com a qualidade de vida da população.
Por outro lado, a torneira aberta para as emendas secretas de parlamentares, principalmente do Centrão, demonstram que o atual governo pratica descaradamente a velha política que prometeu combater.