Trabalhadores denunciam: Datasus sofre “apagão de gestão”

 

A série “Apagão de Informações” publicada no final do mês de agosto pelo jornal O Globo provocou intenso debate entre técnicos do Datasus – órgão do governo federal responsável pelo desenvolvimento de soluções em informática para o Sistema Único de Saúde. Longe de negar os problemas existentes no campo do gerenciamento de dados do SUS, os técnicos apontam um “apagão de gestão” por parte dos governos federal, estadual e municipal como principal obstáculo à informatização eficiente.

Para Marcelo Araújo, analista de sistemas, especialista em saúde pública pela Fiocruz e responsável pela gestão do Cadastro Nacional de Usuários do SUS, “muitos problemas enfrentados na prestação do serviço ao usuário final do SUS já possuem soluções desenvolvidas pelo Datasus. A questão é saber porque os gestores, em todos os níveis, não implementam as soluções. O Cadastramento de Usuários do SUS no estado do Rio de Janeiro é seguramente o mais atrasado do país. Esse caso da central estadual de regulação de leitos denunciado pelo jornal O Globo é um exemplo. Nós temos aqui no Datasus uma solução para a questão, podemos instalar o sistema e treinar o pessoal, basta vontade política dos governos.”

Já para o analista de sistemas especializado em saúde pública pela Fundação Oswaldo Cruz, José Carlos Jorge que trabalha no setor de disseminação de informações do Datasus “um outro problema causado pela falta de organização na ponta, ou seja, no atendimento ao usuário, é que os dados gerados pelo atendimento não são coletados da forma apropriada por estados e municípios. Isso gera um relatório falho e o próprio governo fica sem informações confiáveis para o planejamento de políticas públicas de saúde.”

A descontinuidade, falta de investimentos e constante troca de dirigentes no órgão têm resultado em contratos com a iniciativa privada que além do alto custo, não resolvem os problemas. Um exemplo foi a contratação das empresas Procomp e Hypercom que em licitação internacional realizada pelo governo federal receberam 89,2 milhões para implementar o Cartão Nacional de Saúde em todo o país. De acordo com o jornalista e articulista da Folha de São Paulo, Élio Gaspari, até o início deste ano mais de 500 milhões já haviam sido gastos com a implantação do cartão que ainda sim não é uma realidade.

Osman Medeiros é encarregado do setor de infraestrutura do órgão no Rio de Janeiro e reconhece que “os hospitais do SUS, em sua grande maioria, não dispõem de infraestrutura de TIC adequada, ou que suportem a implantação de um sistema informatizado de gestão hospitalar, integrado e eficiente, que resulte na melhoria da qualidade dos serviços de saúde prestados à população, bem como no efetivo controle das condições operacionais de cada uma destas unidades pelas três esferas de governo.”

Fonte: Imprensa e Divulgação do Sintrasef-RJ

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