A Campanha Salarial dos trabalhadores e trabalhadoras da Dataprev vem se arrastando desde maio, sem que a empresa ceda um milímetro nas negativas às reivindicações dos trabalhadores.
Num primeiro momento, a comissão negocial da Dataprev assinalou a possibilidade de avanços, o que levou a categoria a apostar na negociação para alcançar seus anseios. Ledo engano. O próprio presidente da empresa, em encontro casual com a representação dos trabalhadores num corredor, em dia de negociação, meses após o início da campanha, soltou a bomba, ao afirmar que já havia determinado que era a inflação e mais nada. Os negociadores, no entanto, mantiveram o discurso de que havia o que negociar.
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Cansados de enrolação e intransigência, os trabalhadores decidiram ir à greve, legítimo recurso reconhecido por Lei. Neste momento entrou o que a Dataprev chama de “negociação de contingenciamento”, mas que na verdade seria o esvaziamento da greve, pois a empresa queria garantir a permanência de 70% do corpo funcional em atividade.
Ora, qual a greve que tem efeito com tamanha proporção de gente trabalhando? Claro que a representação dos trabalhadores não aceitou essa exigência, e propôs sentar e negociar um contingenciamento de 40%. A empresa não quis negociar dessa forma, e partiu então para a truculência jurídica, nos moldes utilizados pelos banqueiros neoliberais.
Em tempo recorde, a Dataprev afixou na entrada da empresa uma cópia de liminar que teria conseguido contra o piquete (o original do documento jamais foi recebido por qualquer dirigente do Sindicato). A multa, segundo o documento, seria de R$50.000,00 por dia e mais R$50.000,00 por ato de piquete praticado. Ou seja, usaram o terrorismo econômico contra a luta legítima dos trabalhadores. A greve, no entanto, se manteve forte até que os próprios trabalhadores, em assembleia, decidiram que era momento de parar.
A direção do Sindpd-RJ enaltece o posicionamento firme dos trabalhadores e de parte do corpo gerencial da Dataprev que, apesar de viverem pressionados sob o regime autoritário de gestores incompetentes para lidar com a democracia, não esmoreceram e fizeram o movimento grevista vitorioso.
Dataprev, uma empresa dirigida por neoliberais
Imagine uma empresa na qual os dirigentes fazem pressão sobre os funcionários para que aceitem perdas de direitos, sob pena de demissão ou qualquer outra represália. Uma empresa que adota medidas unilaterais para mudança do regime de ponto, alterações no Plano de Cargos e Salários etc., tudo sem dialogar com seus empregados e representantes legítimos. Você deve estar imaginando esta empresa como uma multinacional localizada na China, não é? Pois errou.
Esta empresa é a estatal brasileira Dataprev, cuja direção utiliza toda e qualquer prática neoliberal para alcançar suas metas, contrariando a tudo e todos, inclusive ao que preconiza o Partido dos Trabalhadores, que está no governo do País e nomeou o presidente da empresa (na cota de partido aliado). Ele, por sua vez, se cercou de contratados de confiança (ad nutum), assessores e alguns gerentes medianos, dispostos a tudo para não perder seus cargos.
Estes elementos que hoje dirigem a Dataprev têm muito a explicar à sociedade. Em manobra administrativa, diluíram o demonstrativo dos gastos da empresa com os contratados de confiança (ad nutum), de maneira que já não se sabe quantos são e quanto levam do orçamento. Sabe-se, no entanto, que quando o assunto é aumento salarial ou de benefícios para o trabalhador concursado, a verba nunca é suficiente…
Outro escândalo que merece denúncia, inclusive à Ordem dos Advogados do Brasil, é a truculência com que alguns advogados da empresa tratam de questões que deveriam obedecer ao rigor da Lei. Como se estivessem acima do bem e do mal, um representante do corpo jurídico da empresa tentou pressionar a secretária do Sindpd-RJ a assinar o recebimento de um documento emitido pela Justiça, mesmo sabendo que a funcionária não tinha poderes para fazer o que ele queria.
Os fatos ocorridos durante a greve dos trabalhadores da Dataprev nos dias 19 e 20 de outubro refletem o desprezo dessa atual gestão da empresa para com direitos básicos de seus empregados. Um gerente rasgou faixa de greve e forçou entrada, advogados pressionaram trabalhadores da empresa e do Sindicato, assessores afixaram na porta da empresa uma liminar que ainda não tinha validade, pois o Sindpd-RJ não havia ainda tomado ciência de sua expedição.
Esses fatos são gravíssimos e merecem atenção do governo, para que tome providências quanto a esses elementos que usam as nomeações de confiança para alcançarem seus objetivos particulares, traindo o projeto de administração pública justa e igualitária, na qual a classe trabalhadora apostou, através do voto.
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